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Mostrando postagens de setembro, 2018

A aposta na pluralidade: o pós-estruturalismo não escapa à pós-modernidade

Produção discursiva da verdade não é relativismo. Singularidade não é individualismo. Desejo não é mercantilismo. Desconstrução não é crítica pela crítica. Imanência não é “amores líquidos”. Discursividade, escritura, performatividade (...) não são atribuição de todo fenômeno ao social.             Parto de colocações defensivas relativamente comuns, respostas a críticas também relativamente comuns aos pensadores que denominamos pós-estruturalistas. Mas será mesmo que se sustentam? Será que cada item nesta lista é realmente tão diferente de seu par? E, se não, seria isso realmente um problema? Vou me concentrar especialmente na produção da verdade, na discursividade, já que são, no fundo, aquilo que há em comum entre autores tão diversos, aquilo que nos permite fingir que são um movimento de pensamento coeso e chamar toda uma época simplesmente de pós-estruturalismo .             Antes de tudo, cabe retomar brevemente os traços epistemológicos que fundam nosso pensame

Utopia do desejo: um projeto político e subjetivo

Movimentar honestamente o próprio desejo e as próprias contradições.             Para começo de conversa, me parece necessário esclarecer o contexto em que surge este texto ou, mais precisamente, esta frase (que o texto só vem expandir). Tratava-se de uma discussão sobre modos de fazer esquerda e, mais precisamente, o lugar da utopia (talvez, até, seja válido escrever mais sobre isto em algum momento). Duas grandes perguntas: a utopia – seja para chegar lá, seja para simplesmente dar a direção – deve nos orientar (dever = dentro de determinada ontologia, ser coerente pensá-la e, ao mesmo tempo, ser ou não ser ela necessária)? Se não, seria possível fazer política – especialmente, política progressista, mudar o mundo – sem ela?             Não vou discutir estas questões, afinal, o tema aqui é outro. Importa que, em alguns aspectos, nós que, discutimos, discordamos quanto à resposta da primeira – e com argumentos, é claro, que não deixam de se articular com a segunda. Conc