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Mostrando postagens de abril, 2019

O campo psi: operador na cena da falácia das ciências humanas

Há alguns meses fui inquirido, enquanto estudante de psicologia, sobre nossa epistemologia. É claro que minha resposta foi um grande improviso bagunçado sobre abordagens e, no fim, falei, falei e não disse nada. O fato é que não temos epistemologia e, por isso mesmo, produzimos mais e mais abordagens sem ter fim. Mas não é à toa, nosso problema é o problema das humanidades. É conhecido o enrosco epistemológico de se construir  ciências  humanas: o campo põe o sujeito no lugar de objeto. A bem da verdade, as humanidades põe em jogo o engodo cartesiano do dualismo sujeito-objeto (para não falar de outros). Nas ciências da natureza, vá lá, muito produtivo; para nós, a coisa bambeia. De alguma maneira, a psicologia não conseguiu se resolver com isso – me parece que talvez por sua própria constituição. Nossos colegas vêm encontrando modos de se desvencilhar do problema separando de algum modo seu objeto do humano propriamente dito: a antropologia estuda a cultura; a história, uma sequênc

Desgrupalizar: possibilidades de grupo a serviço da singularização

            Em Utopia do desejo [1], sinalizei uma dívida da Psicologia com a sociedade: modos de singularização – aquela que buscamos em análise – que atuem no coletivo, que possam produzir uma ética do desejo e da contradição para além dos limites sociais e quantitativos da clínica tradicional. Dizia que as atuações coletivas da psicologia têm substituído a psicoterapia, com seus ideais de cura e alívio de sofrimento, mas não a análise, esfacelamento do sujeito dado como a priori , escancaramento do vazio, da pluralidade e do impossível. Hoje, talvez, eu traduzisse isso pelo sujeito residual deleuziano, pelo desejo que se movimenta sem eu ideal, na multiplicidade fluídica do corpo-sem-órgãos.             Algum tempo atrás, fui questionado sobre a prática de grupos – que vinha incluindo na lógica da cura, onde o encontro de dores semelhantes aplacaria a dor de cada um. O grupo como encontro identitário configura-se, de fato, como prática normativa e reforça individualidades ima