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Mostrando postagens de março, 2019

Pensamentos despretensiosos sobre o mal, o bem e uma suposta "positividade" negativada

Mal e bem, guerra e paz, raiva e paciência, medo e coragem, ego e transcendência... são tantas as oposições que nos constituem, no âmago do humano. Erro e acerto. Erro? Medo é erro? Raiva é erro? Ego é erro? Um afeto que me invade corporalmente, ou uma estrutura que se funda nos limites difusos (no não-limite, na verdade) entre natureza e cultura – coisas assim não partem de escolhas, não são controladas, não são controláveis. Isso não quer dizer, é claro, que devemos amassar o carro do primeiro apressado que nos feche no trânsito. Saber que não posso evitar o mal (e me refiro a todo um pacote de afetos, desejos e atitudes assim rotulados) é o primeiro passo para a saúde. Isso porque, ao levar a fechada no trânsito, se quero lutar contra a raiva, sentirei, sim, raiva. E pior: se somará a culpa por sentir raiva. Ou, ainda, jogarei ambas para debaixo do tapete (sem nem querer saber que tipo de poeira estou varrendo – o que dificulta em muito saber a melhor forma de limpar), e morre

Carnaval: inconsciente potente, inconsciente opressor

Carnaval de 1989, carro alegórico da Beija-flor de Nilópolis levava o Cristo Redentor vestido em farrapos, em meio à população miserável. A imagem foi proibida pela Igreja e o Cristo, coberto, foi substituído pelos dizeres: “mesmo proibido, olhai por nós”. Então é carnaval, pode tudo... ou não. Certamente, suspende-se a Lei, suspendem-se dominações políticas opressoras. Acontece que, se por um lado a suspensão da Lei extravasa potências recalcadas, por outro, a mesma suspensão da Lei extravasa a pulsão perversa e opressora que queremos ver longe de nós. Esbarramos, na verdade, em problemas mais gerais: a esquerda e a voz do inconsciente. Um dia volto mais detidamente neste tema, mas não parece nada contraintuitivo pensar que fazer esquerda é fazer falar a voz do inconsciente: a voz do reprimido, a voz do (propositalmente) esquecido, a voz do marginal. Neste sentido, a grande festa brasileira, com seu pode tudo , faz democracia, potencializa a diferença e abre espaço de c