No último texto, falamos sobre mortos e complexos, e dissemos, em suma: deixemos os mortos falarem. Sem verdades espíritas, sem verdades psicológicas, deixemos os mortos falarem na pura experiência fenomenológica do que têm a nos dizer. E é evidente que, como em tudo, falarão com eles nossos complexos. Hoje, pergunto: se falassem, que diriam os mortos do Brasil? E pergunto, é claro, porque ao longo do último mês vimos “a morte ali na esquina”, como diria Mortícia Adams, desde acidentes de helicóptero até enormes tragédias de lama tóxica. Acontece que a minha própria formulação me intriga: “se falassem”? Parece que a morte desandou a falar no último mês (uma parte dela, pelo menos). E parece também que ninguém parou para ouvir: todos se chocaram, se assustaram com o fantasma, saíram correndo, e nenhum sequer deixou que os mortos falassem. Bem, não é surpresa, afinal, a morte não vinha falando muito, vinha sendo dia a dia mais silenciada na calada da noite (“chama o ladrão, chama o
Um espaço que habitará no entredois pós-moderno, talvez me contradizendo, oscilando entre uma preocupação com a seriedade e a espontaneidade do mundo virtual. Mostrando de onde bebo, mas sem a gravidade que tolhe; com cuidado na escrita, mas sem nada excessivamente comprido. Sobretudo, com atenção ao que se diz, mas sem escolher um assunto, uma disciplina, um autor... é que se trata de um espaço pessoal, atravessado por tantos pensamentos que me incitam. (Internet: entre o tempo e a fala)