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Mostrando postagens de novembro, 2018

Esse in anima: entre o daimon e a verdade do ser

            O capítulo três da segunda parte de Ficções que curam , Hillman o intitula assim: O ataque de Jaspers à demonologia . Poderia ser espantoso, portanto, a aproximação que aqui nomeio, entre daimon e verdade do ser; ao menos se compartilhamos a clássica aproximação entre Heidegger e Jaspers, se entendemos o pensamento existencialista e humanista como decorrência da fenomenologia hermenêutica de Heidegger. Mas não podemos esquecer o esforço heideggeriano de separar-se da tradição existencial-humanista, na longa crítica que tece em Cartas sobre o humanismo . Em suma, o grave erro que aponta em Sartre e Jaspers é tratar existentia como humanitas do homo humanus . Ex-sistência (ser-para-fora) perde seu caráter ao transformar-se em existentia , palavra única, que se pode entender como coisa, como ente. Mais que isso, como coisa que é defendida como determinação própria do humano ( humanitas ).              Curioso que as críticas de Jaspers enumeradas por Hillman, de uma pers

"... e eu fiquei sem palavras!' - negativas sobre o sentido ¹

           Bom, eu queria começar lembrando a música da jornada de dois anos atrás. Aos que não estavam, uma música circulou muito, chamada A terceira margem do rio , de Milton e Caetano². E eu sei que muitos de nós aqui no grupo da jornada já nos lembramos desta música, num verso em que diz: “casa da palavra, onde o silêncio mora”. Mas eu queria lembrar de um outro verso, que diz: “fora da palavra, onde o mais dentro aflora”, porque o silêncio que eu quero pensar aqui é um silêncio que está fora de toda palavra, um silêncio que não mora na casa da palavra, talvez. Acho que para isso, é preciso começar fazendo uma contraposição entre o silêncio do cálice ³, que é um silêncio em que há um Outro, seja efetivamente concreto à minha frente, seja um Outro sobjetivo, que me diz: “não diga isso”, mas sempre tem algo aí a ser dito. E é preciso dizê-lo, especialmente nos últimos tempos. Mas isso é uma fala silenciada, e o silêncio que quero trazer não é da interdição, mas sim da própria imp