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Mostrando postagens de dezembro, 2018

Especial de Natal: ama ao teu próximo como a ti mesmo

Em tempos de hegemonia monoteísta, é preciso resgatar o politeísmo do próprio Cristo – politeísmo psíquico, ao menos. Hillman nos ensina os perigos do monoteísmo egoico e centralizador, do monoteísmo de um deus que encarna o perverso totalitário [1]. Se há algo que Jung e os junguianos podem trazer de valioso é a multiplicidade do teatro psíquico, este drama 1100 personagens onde nenhum – jamais! – é igual ao outro. A psique plural de Andrew Samuels se faz radicalmente na multiplicidade, logo, na diferença. Isto é politeísmo: o culto à diferença [2]. O Natal que temos pela frente encerra um ano de uso perverso da religião, um ano marcado pela política que, em nome (questionável) de Deus, centraliza e mata. Para fechar com chave de ouro, um grande médium de cura se revela um abusador. Dúvida cruel: onde, no discurso do amor cristão, cabe a morte, o abuso, a opressão? O problema é mais embaixo. O deus monoteísta não é uma ideia existencial que gira em torno das perguntas fundamenta

Perversão ou subversão? (Do totalitarismo à resistência)

Há lei que não seja totalitária? Talvez seja conveniente perguntar antes: há lei que não seja perversa? Certamente, nem toda dominação é perversão. Aliás, nem só de perversão se faz o totalitarismo. Para que o haja, não basta um sujeito perverso, que se crê encarnado da Lei¹, é preciso que o acompanhem milhares ou milhões de sujeitos literalizados/literalizadores que ainda acreditem na imaginarização da Lei – a própria neurose... será? O panóptico foucaultiano², por exemplo, não depende do sujeito perverso, e sua eficácia está justamente em que o neurótico que se crê observado basta à sua própria vigilância. É um equipamento que se opera na sua própria neurótica (obsessiva?), mantendo toda sua estrutura = ordem em torno que uma centralização ausente da Lei: falo, mana, fonema zero, casa vazia. Monto este significante, estrutura = ordem, justamente porque a minha aposta aqui é que estrutura não implica necessariamente em ordem, no sentido da dominação. O panóptico pode não implic